segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Gorjeios d'Alma


"Se na aparência sou de todo Humano, no ser e no sentir sou de outro Mundo!..." 
José António Teixeira


No dia 13 de Dezembro de 2014 tive a honra de apresentar o livro de poesia do autor José António Teixeira, na Biblioteca Manuel Alegre, em Águeda.

Para além do autor, acompanharam me nesta sessão a Drª Gilda Rangel, que declamou alguns sonetos, de uma forma que envolveu todos os presentes, e também a Drª Elsa Corga, Vereadora da Camara Municipal de Águeda, que enalteceu todo o percurso de vida do autor, José António Teixeira.

Desde o momento do convite até ao dia da apresentação, senti-me abençoada por todos os amigos e família que me acompanharam nesta aventura. E, para eles, o meu profundo obrigado por estarem sempre presentes e para o autor, o meu imenso obrigado pela confiança despositada em mim.

José António Teixeira, nasceu em Angola, em Moçâmedes, em 7 de Fevereiro de 1943. Foi em África que se forjou o poeta pois foi por volta dos seus 11 anos, quando estudava no liceu que descobriu o gosto da poesia.

Sob influência do seu professor de História, Dr. Manuel da Costa Brandão, aos 15 anos, escreve a sua primeira prosa.

Enquanto viveu em Angola, José António Teixeira, colaborou com jornais angolanos tais como "O Namibe", "O planalto do Huambo" e "Bloco de Notas", escrevendo também artigos de opinião sob diversos temas.

José António Teixeira estabeleceu uma profunda ligação com o escritor angolano, Ernesto Lara Filho, e essa ligação é visível e sentida na obra do autor. Quem conhece a obra de Ernesto Lara Filho apercebe-se do impacto que o pensamento do mesmo teve nas poesias de José António Teixeira.

O autor viu a sua poesia e a sua prosa serem reconhecidas com diversos prémios de jogos florais em Angola. 

Já em Portugal, mais concretamente em Águeda, para cuja terra o autor se mudou em 1975, deixando África para trás, continuou a sua escrita, a sua confidência com a poesia, muito sob influência do escritor aguedense Deniz Ramos, tendo inclusive participado no conselho redatorial do jornal "Independência de Águeda", com a sua crónica "O postigo" sob o pseudónimo Rui de Castro.

Também em Portugal o autor viu a sua escrita ser reconhecida ganhando prémios quer com os seus sonetos, quer na categoria de problema policial nos 1ºs jogos florais de temática policial e também em conto e quadras em diversos jogos florais do STAL (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local).

Gorjeios d'Alma é o primeiro livro publicado deste autor, apesar de já escrever há 60 anos. Este livro tem por base a sua coleção de poemas auto-intitulada SER - Sentimentos Entre Rimas e é uma obra que resulta da amizade e uma homenagem a Angola.

Resulta da amizade e é uma prova viva da globalização e das novas tecnologias. Os amigos tanto presssionaram para que através das redes sociais o autor partilhasse os seus poemas e sendo o Mundo atual cada vez mais global, a poesia do autor atravessou o Atlântico e tornou-se assim amigo do escritor brasileiro Alufá-Licutá Oxorongá, o primeiro a compilar a poesia dispersa do autor num e-book dando-lhe o título de "Gorjeios d'Alma".

Verdadeiramente fabuloso este encontro e o seu resultado.

Gorjeios d'Alma são sonetos sobre os desencontros da vida e o destino do próprio poeta, sendo visível a alegria da vida mas também a dor. Apesar do sofrimento que a vida lhe trouxe, é um ser que anseia pela vida e por vivê-la.

É, pois, um humanista inconformado que vive nas memórias e na angustia da vida mas que dessas memórias e dessa angustia retira a força, a energia, para viver, para fazer poesia. 

O autor em Gorjeios d'Alma vive no paradoxo entre a crença e a negação, atravessa a dualidade entre a alegria da vida e a dor que esta lhe causa. 

Não se importa com o seu destino, aceita-o, pois aceita a mortalidade do Homem.

No entanto, preocupa-o o modo como vive, e, esse modo de viver só pode ser o de fazer alguém feliz.

Este é o verdadeiro legado do poeta José António Teixeira.

PCf

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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

MACAU: A Experiência dos Sentidos #twsbloginvites

A fazer prever um 2015 com aventuras, sonhos e projetos, o TWS para o seu primeiro post do Ano Novo apresenta mais um convidado para colaborar com o The World Shape.
Desta vez o convidado é Manuel Junior, Advogado e atualmente a frequentar o curso de Business Law na Universidade de Macau, China.
O TWS agradece a colaboração do nosso convidado sobretudo por um artigo que nos leva numa verdadeira aventura por Macau! Aqui fica e espero que se deixem encantar pela mítica do oriente como eu me deixei! Puramente fabulosa esta terra, outrora sob alçada portuguesa e onde ainda é possível encontrar inumeras memórias, bem vivas, de Portugal.
Enjoy and be always just fab dear followers! PCf
#TeamTWSblog




              MACAU: a experiência dos sentidos



Macau, trinta e um de Março de dois mil e oito. Um dia como outro qualquer. Não! Não seria um dia como outro qualquer. Foi o dia em que troquei olhares com Macau pela primeira vez e que, anos mais tarde, recordaria  como o dia chave de toda a mudança que se iria operar na minha vida.


O contraste de luzes de cores variadas e a fina, porém, agradável chuva que se fazia sentir naquela noite, conferia um efeito mágico ao lugar. Centenas, para não dizer milhares de pessoas, enchiam as ruas num frenesim por mim jamais experienciado, apesar da minha vocação (e alma) de viajante. As luzes vinham de todas as direções e seguiam, de igual forma, em todas as direções. Hotéis, casinos, casinos-hotéis, enormes joalherias em que o brilho das peças em exposição competia em pé de igualdade com a luminosidade artificial do exterior.


O inigualável aroma no ar, assim como as luzes, acompanhavam os meus passos. Não era capaz de os distinguir. Uma experiência olfativa totalmente desconhecida para mim. Se a pudesse descrever, diria que se pudesse tratar uma mistura de ervas aromáticas, talvez gengibre... seria necessário tirar a dúvida e apelar a outro sentido que não o olfato.







 A herança portuguesa em Macau, vista de uma forme geral, e fruto de mais de quatro séculos de ocupação lusa, deixou marcas indeléveis e é patente em qualquer esquina do território, muito embora a tendência, infelizmente, seja o desaparecimento gradual da mesma. Desde os nomes das ruas, escritas em português e cantonense, à famosa calçada portuguesa presente na Praça do Leal Senado, passando ainda pela rica gastronomia macaense, resultado da fusão entre as cozinhas portuguesa e chinesa, tudo demonstra a perfeita sintonia alcançada entra duas culturas tao ricas mas simultaneamente tão distintas.



Praça do Leal Senado – ex libris da arquitetura portuguesa



A entrada num dos muitos casinos envolve qualquer visitante numa sumptuosidade de se arregalar os olhos. Não há pormenores deixados ao acaso. Desde os magnificientes candeeiros em cristal, às centenas de lojas de marcas de luxo, tudo reluz, tudo hipnotiza e enebria os sentidos.
Por mais criativa e pormenorizada que seja, qualquer tentativa de descrição do que é verdadeiramente sentir e viver Macau estará demasiado aquém da realidade. Uma realidade onde o Ocidente e o Oriente se cruzam e se completam nos mais variados aspectos, desde a arquitetura até à gastronomia, onde se percebe a grandiosidade da herança cultural deixada por Portugal, ainda que não devidamente valorizada pelas gentes locais – apenas 2,5% da população fala a língua de Camões -  e onde se entende a razão de Macau ser hoje em dia considerada a “Meca do Jogo” a nível mundial.

Casino Grand Lisboa inaugurado em 2007


















Exíguo território de apenas 29 km2, a Região Administrativa Especial de Macau, assim denominada após o fim da administração portuguesa e consequente “devolução” à China em 1999, é constituida pela península de Macau e por duas ilhas, Taipa e Coloane, hoje interligadas por uma faixa de terra que é possivelmente um dos locais mais prósperos do Mundo, a que se dá o nome de Cotai. É nesse local onde se poderá encontrar, entre outros, os internacionalmente conhecidos casinos Venetian, considerado um dos maiores edifícios do Mundo, o visualmente poderoso complexo Galaxy e ainda o exuberante City of Dreams. Em Novembro de 2014, mais seis casinos se encontram em construção em Macau, entre os quais o Lisboa Palace, inspirado no Palácio de Versalhes e que tem nomes como Karl Lagerfeld e Donatella Versace ligados ao seu futuro lançamento em 2017.



Galaxy Macau, localizado em Cota

 
Lisboa Palace – inauguração prevista para 2017
City of Dreams e o seu complexo de hotéis, incluindo o famoso Hard Rock Hotel


Vista aérea de Macau e uma das pontes de ligação à Taipa
 




Este ano, seis anos após o “primeiro olhar”, decidi que já estava cansado desta “relação” à distância e tomei a decisão que terá sido a mais importante e séria de toda a minha vida tanto a nível profissional como pessoal. Eu que nasci no Brasil, vivi a maior parte da vida em Portugal e há apenas quatro meses encarei o desafio asiático, como qualquer outra pessoa que decide sair da sua zona de conforto e procurar novos desafios de vida, sofro de uma certa ansiedade no que toca ao futuro. Será normal, digo eu. No entanto, e apesar das enormes diferenças existentes entre o mundo ocidental e a Ásia, atenuadas, neste caso em particular pela relativa proximidade cultural entre Portugal e Macau, sinto-me em casa.
A barreira linguística, que à partida poder-se-ia considerar um obstáculo de fundo para qualquer falante de português, é atenuada através de um domínio razoável da língua inglesa. Mas nem sempre. Do universo populacional de cerca de seiscentas mil pessoas, apenas uma pequena fasquia domina o português, na maior parte dos casos portugueses emigrados e macaenses, entendendendo-se “macaense” como um cidadão nascido em território de Macau, e portanto chinês, mas com ascendência portuguesa. Considerando que a outra língua oficial da RAEM (Região Administrativa Especial de Macau), para além da portuguesa, é o Cantonense (Macau se encontra localizado na província de Guandong ou Cantão), por vezes a comunicação torna-se difícil mesmo entre os próprios chineses, na medida em que, apesar de o dialeto ser falado por mais de setenta milhões de pessoas residentes em toda a província, tais como Hong Kong e Guangzhou, a grande maioria da população chinesa fala mandarim.
Muito embora a economia de Macau se centre basicamente no jogo, existe um claro impulso por parte do Governo para a diversificação, sendo que a ideia será transformar Macau num centro de eventos e congresos a nível mundial, assim como num polo académico de reputação  internacional. O novo campus da Universidade de Macau, com uma área de cerca de novecentos e quarenta e cinco mil metros quadrados, e onde atualmente frequento um curso de pós-graduação, é das maiores da Ásia e tende a tornar-se num centro académico de intercâmbio mundial de estudantes.

Novo campus da Universidade de Macau – 2014



Por todos os motivos expostos, nomeadamente a herança cultural portuguesa, a gastronomia, o facto de se tratar de uma região que atingiu um nível tão elevado de prosperidade que permitiu colocar-se na quarta posição dos países com maior PIB do mundo, entre outras razões que não conseguiria aqui resumir, considero Macau um destino obrigatório, não apenas para os que, assim como eu, são apaixonados pelo Oriente, mas para todas as pessoas que encaram um novo destino como uma forma de enriquecimento e evolução pessoal. Assim é Macau, a verdadeira experiência dos sentidos.

by Manuel Junior
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